sexta-feira, 15 de abril de 2011

MINHA PERDA, SUA PERDA... NOSSA PERDA

Algum tempo atrás, tive a infelicidade de perder o meu melhor amigo, meu pai, 10 anos se passaram , e  julguei que a ferida estivesse cicatrizada. Porém, alguém a quem eu dedico certa admiração, teve a infelicidade de passar pelo mesmo martírio que eu, não tive palavras para consolá-lo, o seu sofrimento me atingiu com tamanha intensidade, que percebi a ferida ainda aberta, ela apenas estava encoberta pelo pó do tempo, então me lembrei de como havia me sentido, um enorme vazio, sensação de impotência, lembrei, que tentei refazer na minha cabeça os eventos que culminaram no falecimento daquele que eu amava, tentando encontrar uma forma de impedir, que o que não pode ser mudado acontecesse, eu só queria ficar só, não queria nada nem ninguém perto de mim, porque me sentia extremamente culpado por não haver percebido que algo estava errado, me sentia culpado, porque na minha cabeça, acreditava realmente que eu possuía o poder de impedir que o meu pai fosse tirado tão prematuramente de minha vida, e simplesmente não fiz nada. E agora depois de tanto tempo, percebo que ainda me sinto assim...
Eu não conhecia o pai do meu amigo, mas sei que da forma deles, eles eram ligados... E ao ver seu sofrimento fiz o que gostaria que tivessem feito por mim, um abraço e silêncio, permaneci ali, nem ao lado e nem distante, sem dizer nada, porém deixando ele saber que eu estava ali caso fosse preciso...
Pois bem, minha ferida sangra novamente, e após 10 anos só o que eu posso dizer amigo, é que a sua ferida ainda irá doer muito, a dor diminui mas não pára... Luz e força!

2 comentários:

  1. foi e é exatamente assim que me sinto com a perda do meu...não tem palavra que console um coração ferido...ainda mas quando o pai tão amado morre em seus braços!!!!!!

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  2. A sensação é exatamente esta... Impotência. Onde eu estava com a cabeça para só perceber os sinais quando já era tarde? O que eu poderia ter feito para impedir? O que eu poderia ter dito antes do fim?
    Se dermos espaço para a culpa, ela domina e se espalha como um câncer.
    Também não tive a chance de conhecer seu pai, mas conheço o excelente pai que se tornou e, dessa forma, seus filhos terão filhos e a história se seu pei se perpetuará através de seus exemplos e seu sangue.
    Sobre a ferida aberta... Que doa. Doa até onde e quando tiver que doer. É o que fica e é o que adotamos como último recurso. Não dá para deixar no passado quem se faz a cada dia mais presente. Mas que essa torna seja o combustível de alta octanagem que nos impulsione na direção correta.
    Obrigado pela força e pela luz, amigo. Seu silêncio e seu abraço valeram mais que qualquer discurso ensaiado.
    Ainda há muito que nos ferir nessa jornada, mas ninguém aprende a andar sem ralar os joelhos.
    Luz e força, mais que nunca.

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