Contemplava aquele sono tranquilo,
que possuía uma beleza única e encantadora...
Apenas 5 segundos...
Foi o tempo entre abrir a porta,
perceber que a sala estava ocupada e fechá-la novamente. E ainda assim ele
percebeu que a “menina” que estava sendo entrevistada na sala em que, momentos
antes, ele estava usando para analisar projetos, era “interessante”.
O trabalho novo era desafiador e
gratificante. Teve a sorte de conseguir contratar uma equipe que já conhecia, e
isso facilitava muito as coisas em uma empresa nova. Todos os integrantes, além
de ótimos profissionais, eram amigos queridos, que haviam crescido
profissionalmente junto com ele à duras penas, dentre eles um grande amigo de
infância e padrinho do seu filho. Bem empregado, recém-divorciado,
inteligente... Era difícil o dia em que ele não conseguia uma paquera nos bares
da vida. E ele estava adorando aquela vida, pensou consigo mesmo várias vezes,
que por ele, nunca mais deixaria de ser solteiro...
Um dos benefícios de se trabalhar em
uma empresa grande, era de se ter transporte para o local de trabalho, isso
além de facilitar a diminuição do absenteísmo, proporcionava um tempo de
descanso para os trabalhadores, devido a grande distância entre o local de
trabalho e a cidade. Estavam ele e seu grande amigo, no ônibus da empresa
conversando sobre seus interesses em comum, ora falavam sobre o trabalho, ora
sobre música (ambos tocavam violão), quando chegaram a um ponto em que todos
precisavam descer do transporte para verificação de identidade funcional...
Então ele a viu. Aquela “menina interessante” que vira uns dias atrás apenas
por uns segundos. Agora podia analisar atentamente e percebeu que ela era ainda
melhor do que podia se lembrar, era “o seu número” e devido a enorme
cumplicidade que possuía com seu amigo, precisou apenas olhar para que ele
percebesse que havia se interessado, seu amigo realizou um movimento de arquejo
com as sobrancelhas sinalizando que havia entendido a mensagem.
A nova funcionária morava na mesma
rota que ele, e por isso utilizava o mesmo transporte para ir ao local de
trabalho. Todos os dias aguardava o momento em que ela descia do transporte
para poder admirar suas formas.
Tentou a aproximação com um argumento
qualquer, passaram a almoçar juntos e conversar sobre os mais diversos assuntos
no transporte e o contato resultou em uma “amizade” inesperada, e isso
não o agradou. Sentia-se bem ao conversar com ela, contanto casos durante a
viagem de ida e volta, mas ao mesmo tempo, pensava que estava sendo desonesto
com ela, ao demonstrar fraternidade, quando na verdade seu interesse era outro.
Aproveitando um dia de sábado em que fariam jornada extraordinária e o efetivo
era bem menor, ele abriu o jogo. Disse tudo o que estava querendo com relação a
ela, expôs seus desejos, como ele imaginou que seria, prontamente alegou que
aquilo era uma loucura, pelo fato de que ela era casada, e por ela nunca ter se
insinuado dessa maneira. Ele concordou, e disse que não acreditava que algo
fosse acontecer entre os dois, mas que achava canalhice o fato de estar posando
de amigo, quando na verdade a intenção era lhe dar uns amassos.
E a vida seguiu... Continuavam
almoçando juntos e conversando muito no caminho de ida e volta do trabalho. Ele
apresentou livros e discos de que gostava e, para sua surpresa, ela acabou
gostando também. Por conta dessa “amizade” ele pôde agradecê-la por alguns flertes
que somente foram possíveis graças às suas dicas, dizendo qual das meninas se
interessava por ele, já que ele admitiu por várias vezes não possuir a
percepção necessária para saber quando alguém o olhava com segundas intenções.
Mas ouvir no banheiro feminino as histórias do que ele fazia ou deixava de
fazer foi causando certo aperto no peito da menina, aperto esse que ela não
sabia explicar. Não sabia se era por conta dos problemas pessoais que vinha
enfrentando, como a crise no casamento, ou porque queria muito bem àquele novo
amigo, estranhava quando sentia a falta dele nos fins de semana. Pensou se era
porque se divertia tanto ouvindo os contos de suas aventuras noturnas que
sentia falta da época em que era ela a protagonista destes contos.
Ele percebeu que algo mudara... Não
sabia o quê, mas algo mudara... Certa vez, por conta de um atraso na saída do
trabalho, a noite já estava alta, e os dois conversando no transporte, ele
percebeu que ela exibia certa fragilidade, um olhar de quem quer ter a vida sacudida,
e ele não pensou duas vezes, como costumam dizer por aí “o não é certo, o que
vier, além disso, é lucro”. Aproximou-se dela, e quando fez isso sentiu que ela
se arrepiou, e a respiração ficou mais pesada, colocou a mão em seu rosto
virando-o levemente em direção a ele, os lábios estavam em perfeito
alinhamento... Quando partiu com seus lábios em direção aos dela, pôde ver que
ela não relutou, mas ao invés disso fechou os olhos e suspirou como quem
aguarda uma dádiva...

Amo vc!!!
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