Estava a caminho de casa, poucos
metros estavam entre a segurança do seu lar e a fria realidade urbana a qual
estava sendo submetida... Não podia acreditar. O dia havia sido todo planejado
de modo que nada atrapalhasse o encontro que teria com o namorado à noite, e
mesmo estando juntos por pouco tempo, e ela não possuir sentimentos fortes por
ele, gostava de estar com ele, pois ele a tratava bem. Na verdade havia gasto
diversas horas de reflexão, tentando encontrar uma forma de terminar o
relacionamento, como não foi capaz de pensar em nada, apenas deixou rolar... Pensou
em comprar um presente, passou no caixa eletrônico e retirou todo o dinheiro
que estava na conta, pois se lembrou de umas contas que deveria pagar, e mesmo
sendo esse dia fora das datas de movimento bancário, iria passar por essa
violência novamente.
A mente estava um turbilhão, várias
imagens e pensamentos fluindo de uma só vez, pensamentos inconstantes e
desordenados frutos do medo...
“Porque eu não liguei para o meu
pai vir me buscar?”
“Poderia ter retirado o dinheiro
no caixa do trabalho!”
“Posso começar a correr!”
“Quem eu estou enganando... Se eu
pudesse correr 100metros me inscrevia na maratona...”
As pernas tremiam demais...
“E se eu gritar?”
“E se eu gritar e ele me matar?”
Começou a pensar no que poderia
vir depois do assalto e se apavorou...
“E se ele me bater?”
“E se ele cortar o meu rosto?”
Consegui perceber que o vulto era
enorme, e isso piorou a situação...
“E se ele olhar para a minha
bunda e quiser me violentar?”
“Ai meu Deus, se um homem desse
tamanho me pega à força eu fico toda estragada...”
Tentava entregar a bolsa e sair
daquele pesadelo...
“Ai, meu smartphone
novinho!”
E de repente o medo do estupro voltava...
“Eu não tomei o remédio ontem...
Se ele me estuprar eu posso ficar grávida!”
“Nossa eu vi um vestido de
grávida lindo no shopping!”
Então após uns segundos de
paralisia, o vulto se pôs à sua frente se revelando como seu namorado...
- Você está bem amor? Pensei em
fazer uma brincadeira, mas parece que você se assustou de verdade...
Inicialmente, ela pensou em
chorar, bater nele, bater nele chorando, gritar... Ela estava estranhamente
calma... Respirou fundo, assimilou a situação e sorriu por dentro... Havia
encontrado a maneira perfeita de terminar o namoro...
E quando as lágrimas começaram a
brotar, com uma voz de trauma e desespero ela começou:
- Como você brinca com uma coisa
dessas? Eu não te disse que eu fiquei traumatizada quando fui assaltada! Isso
não se faz! Blá, Blá, blá...
blá blá blá
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