quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

MEYRIELEN

Ah ! Como ele adorava um inferninho...
Estava longe de casa há quase 6 meses e o estresse da distancia de casa adicionado aos problemas do trabalho, de alguma forma, eram esquecidos sempre que ele punha os pés porta adentro daquele inferninho. Adotou o costume de chamar garota de programa de “prima”, pensava que os outros termos eram muito depreciativos, e não faziam jus ao serviço importantíssimo que aquelas mulheres prestavam à sociedade... Assim que chegou, fora muito bem recebido, já era conhecido das meninas, pois toda semana estava lá, só ou com alguns amigos, ele sempre estava lá... Tomou o assento de sua preferência e pediu o de sempre, a sua tão esperada cerveja super gelada! Tão logo o primeiro gole passou pela garganta se transformou. O rosto fechado deu lugar a um sorriso faceiro e os olhos começaram a circular o recinto em busca de sua presa... Então ele a viu, morena, baixinha, quadris largos, cabelos compridos, havia um brilho na pele como aquele, que as passistas do carnaval sempre apresentam “a tia que lava a minha roupa vai reclamar novamente”, pediu a uma das veteranas que falasse sobre a menina...
       - Essa aí é novata chegou na “casa” essa semana!
Delineou o contorno do corpo com os olhos, era perfeita “um dinheiro bem gasto!!!” pensou... Chamou a novata para conversar. Perguntou seu nome...
- Meyrielen! – Foi a resposta.
Ofereceu uma bebida e ela recusou (podem imaginar uma prima que não bebe???), permaneceu apreciando o corpo escultural, e não se sabe o porquê, começou uma conversa informal...
O tempo foi passando e aquela “prima” em particular não falava nada sobre o programa, a cerveja começou a fazer efeito, e quando percebeu já eram quase 5 da manhã, o inferninho quase fechando, pegou nas mãos da menina com o olhar penetrante e disse:
       - Você merece coisa melhor, eu vou tirar você dessa vida... Vamos embora comigo...
Ela retribuiu o olhar, e não disse nada, apenas se levantou e subiu as escadas que davam acesso aos quartos... Ele permaneceu onde estava desde que chegara ao local, tentou se lembrar quantas cervejas havia bebido, mas estava entorpecido, e fazer cálculos a essa altura era impossível. Baixou a cabeça piscou os olhos (sabe aquela piscada de 30 minutos???) e sentiu um afago suave na cabeça, era ela, com uma bolsa enorme no ombro, foi ajudado a levantar e se encaminharam para o hotel onde estava hospedado. Entrou no quarto, tomou um banho e foi trabalhar, deixando a menina no quarto...
Quando chegou ao trabalho, foi questionado pelos amigos pela “prima” se era boa mesmo ou se era só fachada... Putz! Foi aí que a ficha caiu “cacete... tem uma prima no meu quarto, sozinha com todas as minhas coisas”, entrou em parafuso, bebeu um café amargo e tentou fazer uma retrospectiva da noite, então se lembrou da frase “eu vou tirar você desse vida”, FU...  DEU, tô ferrado, e agora o que eu faço, o que eu faço? Procurou seu chefe, explicou a situação e foi liberado para voltar ao hotel. Passou todo o trajeto , do trabalho até o hotel, tentando descobrir o que dizer para se livrar daquela situação. Ao chegar encontrou Meyrielen sentada na cama, e foi recebido com um “precisamos conversar” que arrepiou até o fundo da alma... “claro... eu também quero conversar com você, me deixa  tomar um banho primeiro”, foi a maneira que encontrou de ganhar mais tempo, pois o do trajeto não foi suficiente... não adiantou, nenhuma idéia, saiu do banheiro e sentou ao lado da menina que estava com um sorriso perturbador nos lábios, ela segurou sua mão e disparou:
       - Você foi um amor... Conversamos quase que a noite toda e você nem mesmo insinuou que queria me levar pra cama... Há muito tempo, eu não me sinto mulher como eu me senti essa noite, e eu sei que isso tem um significado para você...
À medida que ela ia falando, ele ficava mais e mais nervoso “cacete, e agora?”. Ela continuou...
       - Eu agradeço muito que tenha me tirado de lá. Não é qualquer homem que faz isso por uma mulher...  Eu preciso te pedir um favor e gostaria que me prometesse que fará...
A cabeça rodando, só pensava em como iria explicar para a família...
       - Po-pode pedir...
Ela abaixou a cabeça, olhando para o chão...
       - Sei que pode te magoar mas...  (pausa perturbadora!) Eu gostaria que você me levasse até a rodoviária, vou voltar para a casa dos meus pais...
A visão quase escureceu, o alivio era tão grande, que ele não saberia explicar a sensação. Então ele segurou forte a mão da menina, ajoelhou-se em frente a ela e com os olhos marejados perguntou:
       - Você quer que eu compre a passagem???

2 comentários:

  1. Rapaz... essa foi de tirar o fôlego... rs
    eu ja passei por situação similar...
    mas felizmente, ou não, não deu certo o "relacionamento"... ela era mt ciumenta... da pra acreditar?!?!?! rsrsrs

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  2. Parece até história do Charlie de Two and half man... Hahahahahahaha!

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